O QUE FAZEM OS SOLITÁRIOS????

O QUE FAZEM OS SOLITÁRIOS????
a solidão perturba, machuca, mas como toda a indicação de um bom médico... Nada em excesso faz mal - ou melhor, quase nada! rsrs... A solidão, às vezes faz bem! Porém Ana, deixou sua vida, por 2 anos se tornar um mar solitário... LEMBRANÇAS DE UMA ADOLESCENTE!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Lembranças de uma adolescente/ Capítulo 2...

Capítulo 2. ( só um pouquinho para deixá-los com água na boca)
2. O encontro.

- Vá se divertir – disse ela quando estávamos chegando ao Cercado. – Você vai adorar o Róger.
Suas sobrancelhas se uniram de preocupação, seus olhos estavam aflitos.
- Qualquer coisa, me liga – entregou-me ela o celular.
Como exatamente da primeira vez, o Cercado estava com aquele mesmo fedor, como pode alguém marcar um encontro num lugar tão fedido?
- Argh... – fiz careta ao respirar aquele ar.
Claudia já tinha ido embora, ela prometeu que em um minuto o Róger estaria ali.
- Bom dia – disse ele quando chegou. Pouco depois de trinta segundos que Claudia saiu.
Não consegui responder de imediato; estava paralisada.
- Você é exatamente igual à descrição do Jonas. Linda! – ele estava encantado, porém, não mais do que eu.
- Bom diii... Bom dia. – gaguejei.
Alto, aproximadamente dois palmos maiores do que eu, cabelo castanho claro, claríssimo. Olhos verdes cintilantes, pele morena clara, bochechas rosadas, numa perfeição incomparável. Corpo malhado, apresentando ter uns vinte anos. Enfim, ele era deslumbrantemente belo.
Eu estava com o cabelo amarrado em um rabo de cavalo, porém minha longa franja estava livre. Claudia havia me ajudado com a maquiagem. Eu me sentia bonita no momento, mas tenho certeza de que Róger era muito mais.
- Verdes – ofeguei-me. Seus olhos são verdes? – perguntei.
- Sim e os seus são azuis – ele sorria. – Qual é o problema? – perguntou-me delicadamente.
- É que você não se parece absolutamente em nada com seus irmãos – sacudi minha cabeça, eu estava tonta.
Em momento algum eu queria desmerecer a beleza de Claudia, e nem a simpatia de Jonas – que também era belo, mas Róger parecia que continha quase todos os genes de beleza da família.
- Sou filho adotivo. Isso responde sua curiosidade? – ele ainda sorria.
- Faz sentido – respondi. – Faz muito sentido.
Ele tentava esconder ao máximo seu sorriso, acredito que não queria parecer “desumilde.”
- Por que você quer me conhecer? – perguntei depois de uma pausa.
Ele empurrou minha cadeira de rodas para cima de um lindo gramado. Sentou-se em um tronco de árvore a minha frente.
- Claudia tirou uma foto sua, há alguns anos. Desde quando olhei para aquele retrato sempre tive vontade de te conhecer.
Fiquei vermelha, sentia meu rosto ferver, minha cabeça doía, conseguia sentir cada gotinha de sangue que se acumulavam em minhas bochechas.
- Eu não sei o que dizer – escondi meu rosto com as mãos. Era ridícula essa cena, porém, eu estava muito nervosa.
- Não fique preocupada, eu só quero conversar com você – propôs ele.
Por fim ele se levantou, empurrou o tronco para perto e sentou-se a meu lado.
- Qual é a sua matéria preferida? – perguntou-me ele, baixinho.
- Matéria? Matéria de escola? – eu tropeçava nas palavras a todo instante. – É claro que é matéria de escola. – murmurei a mim mesma.
Fiquei ainda mais nervosa quando vi seu rosto se repuxar num outro sorriso.
- Gosto muito de matemática – respondi olhando para o chão. – É como se eu estivesse re...
- Estivesse resolvendo seus próprios problemas? – interferiu ele.
Encaramo-nos em silêncio por um longo tempo.
- Como sabe o que eu iria falar? – perguntei.
- Claudia – respondeu ele, erguendo uma das sobrancelhas. Foi o suficiente.
- Claudia anda falando de mim? – eu sorri, envergonhada.
- Só um pouquinho, por volta de umas duas horas por dia quando ela nos visita – disse ele, fofocando.
- E você costuma decorar o que eu digo? – eu estava curiosa com a resposta.
- Às vezes – murmurou ele.
Róger além de ser lindo, era muito educado, carinhoso, dócil, cheiroso... Enfim, ele era praticamente perfeito.
Ele pegou minha mão, quando eu disse que teria que ir embora.
- Vou te visitar, na cabana – sorriu.
- Vai... Você vai me visitar? – estremeci.
- Se você quiser, é claro – respondeu ele.
- Tudo bem – eu disse devagar. – Mas você não trabalha?
- Vou para a loja somente á tarde – ele passava seus dedos levemente sobre minha mão, secando o suor que estava nela.
Seus olhos estavam concentrados nesse movimento. Eu aproveitei sua distração para admirá-lo um pouco mais.
Durante nossa conversa ele me contou que trabalha como administrador de uma loja de móveis, que adora gatos e cachorros e também contou que sua família o adotou quando ele tinha dois anos, pois seus pais biológicos faleceram num acidente de carro.
Posso considerar esse primeiro encontro – o primeiro encontro da minha vida – como o mais esquisito e fascinante que já tive, ou melhor, que já pensei em ter.
- Vamos, Ana? – era a Claudia. Eu nem havia notado sua presença.
- Vamos – concordei.
- O que você achou dele? – Claudia estava curiosa, mal havíamos voltado para o quarto e ela já estava preparada para o interrogatório.
- Ele é legal – dei-lhe uma resposta evasiva.
- Está achando que eu vou me contentar com “Legal”? Vamos, me dê uma opinião legível. Quero detalhes.
- Ele é bonito e inteligente. Contente? – perguntei num tom sarcástico.
- Eu não te falei? Meu irmão é o “cara”! – ela estava eufórica demais.
- Quanta empolgação, hein Claudia? Até parece que o encontro foi seu.
- Desculpe Ana. É que o Róger sempre me escuta falar sobre você e ele se apaixona fácil, e...
- Bem, já conversamos sobre suas tagarelices, mas vamos deixar essa história de “se apaixonar facilmente” para depois? – eu estava precisando ficar sozinha.
- Tudo bem – Claudia entendeu minha necessidade de isolamento, logo saiu do quarto.
Eu estava aliviada ao ver que meus pais não notaram minha ausência.
- Ana. Posso falar com você? – era Jonas. Ele estava batendo na porta.
- Pode entrar Jonas – minha voz demonstrava dúvida.
Jonas abriu a porta cuidadosamente. Meu corpo estremeceu. Pode ser que Róger tenha lhe mandado dizer algo para mim.
- Oi – seus olhos vagavam pelo quarto.
- Sente-se – apontei uma cadeira. – Algum problema? – perguntei dando-lhe espaço para falar.
- Não, problema nenhum – percebi que ele tinha uma sacola enorme entre os braços.
- Então? – insisti.
- Seu aniversário foi há dois dias, não é? – ele estava com o ar ofegante, como se estivesse corrido quilômetros para chegar até ali.
- Sim, por quê? – perguntei sorrindo ao vê-lo tão nervoso.
- É que eu trouxe... Um presente – ele falava lentamente.
- Presente? – acho que Jonas não sabia que eu era contra comemorar meus aniversários.
- Feliz aniversário atrasado – disse ele, entregando-me a caixa embrulhada.
- Quero que você saiba que eu não comemoro meus aniversários, porém, vou aceitá-lo porque pelo jeito você não sabia disso, não é?
Sua expressão foi o bastante para responder, ele estava tão assustado que parecia ter visto um “bicho papão.”
- Você não comemo... – sua voz falhou completamente.
- Não, eu não comemoro aniversário – terminei a frase.
Peguei o presente. Minhas mãos tremiam, eu estava nervosa, mas também estava feliz.
- Obrigada – eu disse, enquanto abria o embrulho.
- Seus olhos parecem com os olhos daquelas crianças pobres que nunca ganham nada e quando ganha...
Eu o olhei com uma cara de devolução, que fez ele se calar.
- Desculpe – disse ele.
- Um poncho? – perguntei quando abri.
- Isso é ruim? Eu o achei tão bonito na manequim... – entristeceu-se ele.
- Não. Ele é lindo, mas é que... – eu franzi a testa, tentava encontrar a melhor forma de me explicar. – É que em Laranjais... Acho um pouco difícil de usá-lo.
- Posso destrocar – ele ainda estava triste.
- Não. Não precisa. Prometo encontrar uma ocasião para vesti-lo.
Ele me olhou, parecia acreditar. Eu controlei minha expressão, pois nunca pensaria usar aquele poncho.
Verde musgo, cintilante, com pedrinhas de lantejoula. Além de ser super cafona, era de lã, totalmente fora de cogitação.
- Verde, que legal – tentei parecer animada com aquela catástrofe da moda.
- Que bom que gostou – Jonas estava alegre. – Agora que vai ser minha cunhada, precisa andar bonita – ele soltou uma gargalhada.
- Quer dizer que eu não sou bonita? – perguntei forçando um sorriso. Ignorei-o em relação a palavra “cunhada”.
- Pelo contrário. Você é linda – ele se inclinou dando-me um beijo na bochecha. – É como uma irmã para mim. – disse ele, antes que eu ficasse confusa em relação aos seus sentimentos.
- Irmã? Mas nós nos conhecemos ontem – eu ri num descuido, pois não queria parecer insensível.
- Claudia fala muito de você e nesse pouco tempo, pude constatar que tudo era verdade, você é incrível, Ana. Parece com a minha irmã Carolina.
Ele estava com os olhos distantes.
- Nossa. Obrigada – fiquei emocionada com o elogio.
- Claudia e eu fazemos muito gosto pelo seu romance com o Róger – ele estava pensativo.
- E sua irmã? A Carolina? Onde ela está? – perguntei, tentava fazê-lo voltar ao planeta terra.
Jonas pulou da cadeira, certamente pelo arrepio que notei em seus braços.
- Ela casou-se com um idiota. Há quatro anos atrás ele a viu conversando com um cara na rua, era um primo nosso desconhecido por ele, ficou com tanto ciúme que a matou com um golpe na cabeça – Jonas ficou enfurecido.
- Meu Deus – gritei, eu não sabia o que dizer. – Desculpe-me, eu não...
- Não esquenta – Jonas ficou mais calmo.
Olhei para ele, eu piscava constantemente, queria poder dizer algo reconfortante, porém minha cabeça não formulava nada no momento.
... O capítulo ainda não terminou... amanhã tem mais. bjos.
Por: Fernanda Silveira. - A autora.

Um comentário:

  1. For my new foreign friends... Feel well arrivals!!! I adore his/her histories. Kisses...
    Por: Nandy silveirinha.

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